Por Larissa Moura
Eu não lembro ao certo quando me apaixonei.
Acho que foi quando meu olhar cruzou o seu e eu enxerguei a forma que você me via, me enxerguei num afeto e admiração nunca descoberto antes. Seu olhar calmo e gentil viu todos os detalhes de mim, e continuou a olhar, não importando o que aparecia.
Você me acariciou com a forma de me ver; e com a palma da sua mão na minha.
O seu toque me arrepiou, mas meu corpo logo se acostumou, parecia que estava à sua espera. Você não era um desconhecido aqui. Minha pele sentiu a sua como quem reencontra alguém após anos, estive à espera de te sentir.
Você já me conhecia.
Acho que você tem o mapa do meu corpo guardado num cantinho do seu límbico; sabe onde me acariciar, entende minha forma de sentir, parece que divide espaço aqui dentro comigo.
Até hoje sinto seu cheiro quando você não está. Minha mente faz questão de bombardear memórias suas nos momentos mais inesperados, então penso em você uma boa parte do meu dia.
Penso em como você entrou aqui e fez uma bagunça; em como arrumou a bagunça que fez e adicionou novos souvenirs.
Como isso tudo aconteceu?
Como você, que me conhece pouco, me conhece tanto?
Como isso tudo orquestrou dessa forma para que eu, logo eu, me envolvesse assim?
Não sei se tem um quê de destino nessas coincidências, mas se eu pudesse, combinaria com quem está no comando para que acontecesse sempre; para que os caminhos do meu coração esbarrasse mais nos seus pés.
E quem sabe assim, você entraria de vez e se aconchegasse pra ficar por aqui.
“Aconchego no coração” faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)