Por Letícia Poliana
O texto “Favorecimento econômico e excelência escolar: um mito em questão” da autora Maria Alice Nogueira, aborda os estudos sobre os processos de escolarização dos jovens originários de famílias privilegiadas do ponto de vista econômico. O objetivo principal era conhecer as histórias escolares dos jovens e as estratégias educativas postas em prática por esses pais ao longo desses itinerários. Os autores realizaram essa pesquisa, através do texto, para responder tais perguntas: o desempenho escolar dos jovens oriundos das frações economicamente dominantes da amostra (os filhos de empresários), quando comparado ao das frações mais intelectualizadas (elites científicas e artísticas), se mostrou bem inferior. O insucesso escolar dos alunos, as condições das famílias dos jovens, etc.
O texto apresenta ideias de outros autores, como, por exemplo: os trabalhos de Fourastié (1970, 1972) e o livro de Ballion (1977), ambos franceses. Traz também alguns resultados que demonstram as “taxas de sucesso escolar” e do “fracasso escolar”.
O texto quer quebrar os paradigmas de que o padrão de excelência escolar é destinado só para os “ricos”, e que as elites escolares não se compõem só com os ricos. A autora traz uma reflexão de que temos que debater assuntos que geralmente são indiscutíveis. As abordagens teóricas seriam as trajetórias escolares: “Com relação à definição operacional do termo, a maioria dos pesquisadores concorda em considerar a trajetória como um “encadeamento temporal de posições sucessivamente ocupadas pelos indivíduos nos diferentes campos do espaço social” (Battagliola et al., 1991, p. 3), direcionando essa definição para o campo educacional […]” (NOGUEIRA, 2004, pág. 4).
O artigo utilizou um estudo com 25 famílias de grandes e médios empresários.
Seu objetivo era conhecer as histórias escolares dos jovens e as estratégias educativas postas em prática por esses pais ao longo desses itinerários. Como instrumento de coleta dos dados, utilizei-me de entrevistas semi diretivas feitas com os próprios jovens e com suas mães, separadamente. O estudo baseia-se, portanto, num corpus formado por 50 entrevistas (NOGUEIRA, 2004, pág. 2).
Alguns dos resultados são relacionados a conseguir uma vaga nas universidades públicas de condições excelentes, basta ter uma condição financeira, ter recursos. Através dos gráficos no texto, me traz uma reflexão de que todos precisam ter acesso a universidades, a educação, mas infelizmente nem sempre é assim. Sou a primeira pessoa da minha família a conseguir entrar numa universidade, e sabemos o quanto é difícil, mas não é impossível. Os direitos devem ser iguais para todos (pobres e ricos).
A relação entre duas das mais importantes variáveis do campo da Sociologia da Educação, quais sejam, as condições sociais e o desempenho escolar, isso a partir da crítica aos limites daquele que é, ainda hoje, tido como o principal paradigma dessa disciplina no que se refere ao estudo das desigualdades entre a escola e o ensino.
Gostei muito do texto, esclareci dúvidas, aprendi teorias. Achei bem objetivo, bem claro em todos os assuntos e aspectos. Dialoga com os outros textos trabalhados na Unidade 2 do curso: Nogueira (2005); Rosistolato et al. (2016) e/ou Carvalho (2005).
O trecho “Nesse sentido, pude detectar estratégias de tipo econômico, tais como: preparar os filhos desde muito cedo para sua sucessão; associá-los à empresa paterna; ou abrir para eles um pequeno negócio, ainda durante seu período de formação” (NOGUEIRA, 2004, pág. 10) me chamou atenção, pois os pais queriam transformar os filhos, sem saber se realmente era aquilo que eles queriam. Temos que ter liberdade de escolha em todos os aspectos de nossas vidas. Muitos filhos não querem seguir a carreira dos pais, querem seguir seus próprios caminhos. Portanto, é um texto bem completo e traz muitos temas, teorias interessantes e bem persuasivas, bem objetivo.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)