Por Aster Leite
Editora Galera Record: Julho, 2021
Escrito por Aiden Thomas, “Os Garotos do Cemitério” foi vencedor de vários prêmios, além de ser seu romance best-seller na carreira. O autor infantojuvenil mora no Oregon e tem participação ativa na militância nas redes sociais como pessoa queer e latino-americana.
Yadriel é um adolescente transgênero e gay nos Estados Unidos e que, desde a morte da sua mãe, luta pelo reconhecimento e aceitação da sua identidade pela comunidade bruxa tradicional e que é negada, principalmente, por seu pai, o líder da sociedade bruxa.
Na idade em que se deveria realizar o ritual para adquirir seus poderes, sua permissão é negada por não querer suceder-se ao rito feminino e não o permitirem participar da cerimônia masculina. Inconformado e decidido a virar um bruxo de qualquer maneira, Yadriel decide o fazer sozinho, mas após a finalização do ritual, coisas estranhas acontecem e, na mesma passagem de tempo, seu primo morre misteriosamente.
Determinado a provar seu valor como membro e honrar as tradições mágicas, Yadriel embarca em uma missão para encontrar o corpo de seu primo, fazer justiça e libertar sua alma para descanso eterno. No entanto, quando Yadriel tenta convocar o fantasma, não é seu primo que aparece, mas Julian Diaz, o garoto marrento da sua escola. Ele não sabe por que virou um fantasma, mas não quer só ir embora e decide descobrir o que estava acontecendo e corrigir quaisquer problemas pendentes antes de seguir em frente. Mesmo relutando, Yadriel concorda em ajudar Julian, percebendo que isso também é responsabilidade sua e é importante para sua missão.
No entanto, enquanto passam um tempo juntos, Yadriel percebe que seu vínculo com Julian está além das expectativas que imaginava e se recusa a deixá-lo ir. Cruzando a fronteira entre a vida e a morte, eles encontram a verdade, enfrentam emoções que nunca conheceram antes e desenvolvem um relacionamento inesperado.
A riqueza da cultura latina é retratada nas páginas deste livro de forma muito explícita e detalhada, imergindo o leitor em cada parte, como o amor à comida tradicional e a tradição da devoção ao Día de los Muertos, acontecimento muito aguardado pelo protagonista e por todos na comunidade, para rever seus familiares e festejar.
A vivência queer e principalmente transgênera é muito bem abordada, nos trazendo o sentimento à pele da beleza em existir e das dificuldades em resistir. Um diferencial é o uso da linguagem neutra, integrando a leitura inclusiva e expondo seu uso como forma de respeito a todas as pessoas.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)