Filme: “2 Coelhos”

Por Rodrigo Fabricio

Esta é a resenha de um filme de ação brasileiro que me surpreendeu bastante. “2 Coelhos”, dirigido por Afonso Poyart em 2012, me chocou do início ao fim, pois eu não esperava uma obra com tanto impacto, utilizando ferramentas de forma bem ousada. Os personagens principais são Edgar (um jovem ocioso), Maicon (um notório bandido), Júlia (uma promotora corrupta), Walter (um professor universitário recluso) e Jader (um político corrupto).

A história do filme começa após um grave acidente de carro, no qual uma mulher e seu filho morrem. Ao longo do filme, é revelado que Edgar (causador do acidente) é indiciado, mas consegue fugir da prisão graças à influência de um deputado estadual, Jader. Logo depois, Edgar parte para uma temporada em Miami, na Flórida, mas dois anos depois retorna à cidade de São Paulo com um plano elaborado no qual pretende atingir tanto o deputado Jader, que o ajudou, quanto Maicon, um criminoso que consegue escapar da justiça graças ao suborno de políticos influentes. Edgar é um jovem ocioso que divide seu tempo entre a pornografia e os videogames. Ele tem um trauma no passado e, para compensar esse erro, arma uma trama que envolve uma agressão a Maicon, à promotora Júlia, ao professor universitário Walter e ao político corrupto Jader. Edgar é um típico anti-herói, trazendo boas intenções ao tentar punir a corrupção na política e o próprio crime organizado, ao mesmo tempo em que utiliza meios ilícitos para fazê-lo.

O filme é construído a partir de diversas cenas filmadas com uma câmera super lenta, que faz com que cada gesto, por menor que seja, se torne grandioso, ou nas piadas feitas para montar esse universo tão particular do protagonista Edgar.

A edição rápida e os efeitos sonoros ajudam a criar um enredo que exige raciocínio rápido, não tanto para entender a história, mas para captar as citações feitas em cada momento. Além disso, o filme traz cenas de ação, tiroteios e explosões, além de sucessivas reviravoltas, onde cada uma revela um pedaço do motivo pelo qual Edgar se envolveu nesse plano rebuscado.

Gostei muito do filme, pois além de ter muitas cenas de ação, o filme traz reviravoltas inesperadas para mim. Em alguns momentos, a obra te fazia achar que estava quase fechando o quebra-cabeça, mas te surpreende ao mostrar que não era realmente aquilo. Além disso, o filme também conta com momentos de suspense. O filme também tem um roteiro com narrativa não linear, fazendo com que as pessoas raciocinem, e também traz inovações (para a época), como animações, efeitos visuais e referências da cultura pop. Há também uma demora excessiva na introdução dos personagens, algo até necessário para criar uma atmosfera de mistério. Minha nota para o filme é 9.

Para finalizar a crítica, o filme trata bastante de dois temas muito presentes no Brasil atualmente: A questão do tráfico e da corrupção política, mostrando que ambos podem e muitas vezes estão diretamente relacionados.

Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ) 

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