Por Alina Gomes
“Corte de Espinhos e Rosas” é o primeiro livro da série homônima escrita por Sarah J. Maas. A obra aborda de forma intensa a jornada da protagonista Feyre, especialmente no que diz respeito à violência psicológica de gênero que ela enfrenta.
Desde o início da narrativa, Feyre é retratada como uma jovem caçadora que assume a responsabilidade de prover para sua família após a ruína financeira que os atinge. Este contexto inicial já estabelece Feyre como uma personagem forte e determinada, porém também vulnerável às circunstâncias adversas que a cercam.
A violência psicológica de gênero se manifesta principalmente através do relacionamento de Feyre com Tamlin, o misterioso e poderoso Grão-Senhor da Corte Primaveril. Inicialmente, seu relacionamento é marcado por uma dinâmica desigual de poder, onde Feyre se vê em uma posição de dependência emocional em relação a Tamlin. Ele, por sua vez, muitas vezes usa seu poder e controle sobre Feyre para manipular suas decisões e ações, o que reflete um padrão clássico de abuso psicológico.
Um dos aspectos mais críticos é a forma como Tamlin controla as interações de Feyre com o mundo exterior, restringindo sua liberdade e autonomia. Isso se intensifica à medida que a história avança e Feyre se vê cada vez mais isolada e desamparada dentro do domínio de Tamlin. A pressão psicológica exercida sobre ela se manifesta através de ameaças veladas, comportamentos possessivos e expectativas irrealistas que a forçam a se conformar às suas vontades.
Além disso, o próprio ambiente da corte feérica, com suas intrigas políticas e ameaças constantes, contribui para um clima de tensão que afeta profundamente Feyre. Ela precisa não apenas enfrentar os perigos físicos que surgem ao seu redor, mas também lidar com o peso psicológico de suas experiências traumáticas e o impacto de um relacionamento abusivo.
A autora aborda esses temas de maneira complexa, permitindo que Feyre evolua ao longo da história e tome consciência gradual de sua própria força interior. A trajetória de Feyre em direção à independência e ao empoderamento pessoal é central para o enredo, oferecendo uma narrativa que não apenas denuncia a violência psicológica de gênero, mas também promove a resiliência e a capacidade de superação.
Em resumo, “Corte de Espinhos e Rosas” é uma obra que mergulha profundamente nas complexidades da violência psicológica de gênero, utilizando o cenário fantástico para explorar as dinâmicas de poder e as consequências emocionais para a protagonista. A jornada de Feyre é um lembrete poderoso sobre a importância da autonomia, do autoconhecimento e do empoderamento como formas de resistência contra o abuso e a opressão.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)