Por Aster Leite

“Estilhaça-me” é uma série de livros escrita por Tahereh Mafi, composta por seis volumes e alguns contos, que mistura elementos dos gêneros de ficção científica, distopia e romance young adult. 

A autora americana ganhou reconhecimento internacional por seu best-seller Estilhaça-me (primeiro volume da série do mesmo nome), publicado em mais de 22 países. Como filha de imigrantes iranianos e muçulmana praticante, ela valoriza suas raízes e as vê como parte importante de sua identidade, representando-a também na série com uma personagem da mesma fé. 

A saga nos transporta para um mundo pós-apocalíptico devastado por desastres ambientais, os recursos são limitados e, para restaurar a ordem, uma Organização divide o mundo em 3.333 setores, mas seu motivo real até então é oculto para todos. 

A personagem principal, Juliette, é presa por ser considerada um perigo à sociedade, sendo capaz de infligir a morte a qualquer pessoa que encoste em sua pele. Mas sua vida muda quando um garoto aparentemente também capturado é jogado na mesma cela e, após isso, Warner, o misterioso líder rebelde, a resgata da prisão com a intenção de usar sua tecnologia como arma. 

Poucas pessoas possuem poderes especiais e vemos, ao decorrer da série, a autora explorar, de modo um tanto ambíguo na visão crítica dos leitores, o mundo e seus componentes. Há quem goste e diga que foi bem explorado e há quem não ache que Tahereh soube aproveitar de fato os elementos disponíveis na obra e no mundo da ficção. No entanto, o efeito que não podemos negar é ter sido sucesso de vendas aqui no Brasil e principalmente no país de origem, os Estados Unidos.

Um ponto interessante, exposto em vários momentos ao decorrer da história, é a natureza lírica com qual é tratada a protagonista. A narrativa em primeira pessoa acompanha isso e nos expõe fragmentos de escritas e pensamentos da própria Juliette, colocando-nos de modo a sentir e perceber os acontecimentos ao seu redor, a forma como ela amadurece em diversos âmbitos, mas ainda entra em conflitos consigo mesma após anos enclausurada e sem contato humano. 

A autodescoberta é apenas um dos temas tratados: o poder e suas consequências ao estar nas mãos erradas, o encontro da força nas próprias fraquezas e a luta pela liberdade individual e coletiva caracterizam a série como um todo. 

A saga Estilhaça-me proporciona uma experiência animada com aventuras, ficção distópica e muito romance em meio ao caos do mundo e junto de temas que nos fazem refletir sobre nossa realidade, é uma pedida indispensável para jovens e leitores do gênero. 

Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)