Por Giovanna Durães
“A Resistência”, do escritor brasileiro Julián Fuks, é um romance profundamente emotivo que lança luz sobre questões de identidade, família e memória. Publicado em 2015, o livro se destacou ao ganhar o Prêmio Jabuti de 2016 na categoria de Melhor Romance, demonstrando sua importância na literatura contemporânea brasileira.
A trama é centrada em torno do protagonista, um escritor-narrador que busca entender sua própria história e origens. O enredo é, em grande parte, uma busca por sua identidade, já que foi adotado por um casal que escapou da ditadura argentina e encontrou refúgio no Brasil. Fuks habilmente entrelaça sua própria experiência pessoal como filho de imigrantes argentinos nessa narrativa fictícia, adicionando uma camada de complexidade emocional e autenticidade à história.
A escrita de Fuks é sutil e contemplativa. Ele descreve a jornada do protagonista em busca de suas raízes, explorando temas complexos como a formação da identidade, a sensação de pertencimento e a resistência à opressão. O título do livro, “A Resistência”, não se refere apenas à luta contra a ditadura argentina, mas também à resistência emocional e psicológica do protagonista em descobrir sua própria história e reconciliá-la com sua vida atual.
O uso magistral de Fuks da primeira pessoa na narrativa permite que o leitor mergulhe profundamente na mente do protagonista. O livro é uma exploração de memórias, tanto as pessoais quanto as coletivas, à medida que o protagonista tenta reconstruir sua história familiar e suas raízes.
Além disso, “A Resistência” oferece uma reflexão sensível sobre o poder da linguagem e da escrita. O protagonista é um escritor, e sua busca é, em última análise, uma busca pela verdade e pela narrativa que define sua própria vida. Essa exploração da escrita como um meio de autodescoberta adiciona um toque de metaficção à história e cativa o leitor com a riqueza das palavras de Fuks.
O romance não é uma narrativa linear típica. Em vez disso, Fuks tece as memórias e as reflexões do protagonista, criando uma experiência literária única. Isso se alinha com a temática central do livro, que é a busca por identidade em meio a uma narrativa fragmentada.
“A Resistência” é um exemplo brilhante da literatura contemporânea brasileira, que não apenas mergulha nas complexidades da identidade e da memória, mas também aborda questões sociais e políticas através da lente pessoal do protagonista. A obra oferece uma leitura intensamente emotiva e intimista que instiga o leitor a refletir sobre suas próprias origens e identidade.
Este romance é uma contribuição significativa para a literatura brasileira, demonstrando que as narrativas pessoais podem ser portadoras de questões mais amplas e universais. A habilidade de Fuks em criar uma narrativa envolvente, repleta de emoções e pensamentos profundos, faz de “A Resistência” uma leitura obrigatória para quem busca uma experiência literária rica e significativa.
Em resumo, “A Resistência” de Julián Fuks é uma obra-prima da literatura contemporânea brasileira que explora as complexidades da identidade, memória e escrita. Com sua narrativa emotiva e reflexiva, o livro cativa o leitor, fazendo-o refletir sobre sua própria história e as questões mais amplas que moldam nossas vidas. Julián Fuks estabelece seu lugar como um dos autores mais talentosos e promissores do cenário literário brasileiro, e “A Resistência” é um exemplo brilhante de sua habilidade de contar histórias que ressoam profundamente no coração do leitor.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)