Por Maria Eduarda Guimarães
A obra “O Mito da Caverna” é uma das principais do filósofo Platão, sendo uma referência quando se trata de seu pensamento e sua visão de mundo. Uma das características mais marcantes de tal texto é a continuidade da inquietação que os assuntos abordados trazem à mente do leitor, e como a abordagem de Platão consegue se fazer presente até os dias atuais.
O contexto tratado no livro é sobre uma alegoria que questiona o que poderia ser real, visto que os fatos podem ser divergentes, desencadeando, assim, a grande pergunta de “O que é a verdade?”. Platão traz à tona o processo de conhecimento ao descrever um grupo de pessoas presas em uma caverna por toda a sua vida, vendo sempre as mesmas sombras projetadas à sua frente, as quais são geradas por figuras que passam na frente de uma fonte de luz. Como tais prisioneiros nunca viram nada além dessa realidade, tomam essa cena de sombras como a única verdade existente.
Contudo, certa vez um prisioneiro consegue sair da caverna e, inicialmente, encontra-se cego ao ir de encontro com a luz externa. Aos poucos, conforme sua nova realidade é sentida e tomada pelo seu corpo, o prisioneiro acostuma-se à claridade e começa a enxergar novos fatos, os quais são invisíveis aos olhos dos que continuam presos na caverna. Tomado por um sentimento de partilha do conhecimento, o prisioneiro liberto retorna ao interior da caverna para relatar sua realidade aos antigos companheiros, mas esses encontram-se incrédulos e permanecem na ignorância de achar que apenas a realidade das sombras é a verdadeira.
Dessa forma, a alegoria de Platão lança luz a várias interpretações, sendo uma delas a da necessidade de o conhecimento ser partilhado e da importância da educação e do ensinamento para uma sociedade mais esclarecida. Além disso, muito usada no Iluminismo, uma das maneiras de ler o conteúdo filosófico sugere que a luz é o saber, o que levaria à verdade.
Em resumo, “O Mito da Caverna” continua levantando questões sobre a natureza da verdade, da realidade e das diferentes maneiras de enxergar e lidar com os fatos, além da importância da educação e do conhecimento para a formação social.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)