Por Thiago Paura
“O Pequeno Príncipe”, escrito por Antoine de Saint-Exupéry, é um dos livros mais queridos da literatura do século XX. Sua simplicidade superficial, no entanto, contenta o leitor de qualquer idade, segue o conto popular para transformar-se em outros gêneros: isto não pode ser chamado de uma fábula infantil com segurança, pois descreve a essência do mundo e dos princípios que constituem a existência humana.
Em primeiro lugar, a narrativa começa com um piloto que cai acidentalmente no deserto do Saara e se depara com um garoto misterioso que alega ser um príncipe de um planeta distante. Mais especificamente, O Pequeno Príncipe é originalmente de um minúsculo asteroide chamado B-612, onde ele coexiste com uma rosa comum, embora exigente e vaidosa. O tamanho do planeta do príncipe é tão pequeno que ele pode ver o sol se pôr no horizonte, repetindo essa atividade várias vezes por dia, movendo uma cadeira.
A jornada do Pequeno Príncipe é marcada por suas visitas a vários outros planetas, onde ele encontra uma série de personagens que simbolizam diferentes aspectos da sociedade adulta. Cada figura é uma alegoria para comportamentos humanos e vícios. O rei, que se considera soberano de tudo, representa a autoridade desprovida de real poder; o vaidoso busca incessantemente por admiração, refletindo a superficialidade da busca por reconhecimento; o bêbado tenta se esconder do mundo através do álcool, mostrando a fuga da realidade; o acendedor de lampiões, que segue uma rotina sem sentido, ilustra a monotonia da vida sem propósito; e o geógrafo, que se concentra em registrar o mundo sem realmente vivê-lo, representa a desconexão entre conhecimento e experiência.
A relação com a raposa é a mais importante, pois ela ensina ao Pequeno Príncipe o verdadeiro valor do amor e da amizade. A raposa diz que o coração é a única maneira de ver o essencial, pois os olhos não podem ver isso. Essa lição é essencial para entender o verdadeiro significado das relações humanas e a importância de estabelecer laços significativos.
“O Pequeno Príncipe” é uma rica coleção de temas e simbolismos que abordam a natureza da vida e a condição humana. O livro discute as diferenças entre como as pessoas pequenas e adultas veem o mundo. O Pequeno Príncipe representa a pureza e a capacidade de ver o mundo com olhos de admiração e simplicidade, enquanto os adultos são frequentemente retratados como preocupados com questões superficiais e materiais.
Os planetas que o Pequeno Príncipe visita representam várias facetas da vida e da mente humanas. Cada planeta representa as falhas e preocupações dos adultos, revelando uma crítica à forma como a sociedade frequentemente se perde em suas próprias construções e preocupações, ignorando o que realmente importa.
No final, “O Pequeno Príncipe” transmite uma mensagem que se aplica a todos os tempos e é relevante para todos. O livro nos lembra da importância de reconhecer o que realmente importa na vida e olhar além das aparências. Saint-Exupéry nos convida a pensar sobre o valor das conexões que temos uns com os outros e entender que a simplicidade de nossas interações e os laços que construímos com os outros são o que realmente vale a pena.
Ao retornar para seu planeta natal e deixar o piloto com a certeza de que sempre estará com ele em seu coração, o Pequeno Príncipe mostra a profunda verdade de que o amor e a amizade transcendem nossas vidas e fornecem alegria e significado para sempre.
Assim, a obra oferece um convite para redescobrir a beleza da simplicidade e a importância de cultivar o que é essencial em nossas vidas, reafirmando que a visão verdadeira é aquela que se vê com o coração, não apenas com os olhos.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)
Amei a resenha, uma vontade absurda de reler esse clássico depois dela.