Por Maria Eduarda Bezerra
O Show de Truman (1998) nos conta a história de um reality show que tem como personagem principal um homem chamado Truman Burbank (Jim Carrey), que desde criança tem sua vida observada por milhões de espectadores ao redor do mundo. Sendo o primeiro ser humano comprado por uma empresa e utilizado como matéria-prima para um programa de entretenimento, transformado em uma experiência social lucrativa. O fato traz uma crítica à ética capitalista, que coloca sempre o lucro acima da vida, nesse caso de Truman, que vive uma vida praticamente perfeita, em uma cidade ideal que aparentemente está ali para fazê-lo feliz e se importar com ele.
Ao assistir O Show de Truman, percebemos que todos estão conectados ao personagem e ao show de alguma forma. Concordando ou não com os métodos de Christof (Ed Harris), idealizador do programa, todos assistem, torcem pelo personagem e esperam dele alguma coisa. Truman é um personagem carismático, sonhador, engraçado, espontâneo e é isso que faz os telespectadores se identificarem com ele, um homem com emoções verdadeiras. O que pode até ser considerado uma ironia, pois seu nome em inglês tem a mesma fonética de “true man”, traduzido como “homem verdadeiro”.
Apesar de se passar nos anos 90, o figurino escolhido para a trama do filme remete aos anos 50. Isso não é por acaso, essa década é conhecida por ser um momento em que o “estilo de vida norte-americano” era exaltado, a publicidade ganhava impulso e a televisão invadiu os lares estadunidenses. Essa forma de vender o programa contribuiu ainda mais para ter uma grande audiência.
No mundo contemporâneo, onde há um cultivo de reality shows e enorme força dos meios de comunicação de massa na sociedade, o filme aparece como uma reflexão cada vez mais atual, colocando o espectador em uma posição de debate. Além de ter se tornado, merecidamente, um fenômeno cultural, com direito a estudos de diversas áreas acadêmicas, discussões acaloradas e um público que, no mínimo, se diverte muito durante sua exibição.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)