Por Adriane Melo
O texto abordado por Póvoa Neto traz como discussão políticas migratórias e a sua crescente restrição. Tal tema é frequentemente discutido, por tratar-se de um tema inquestionavelmente sensível, principalmente diante das últimas notícias, como a do estrangeiro africano que foi terrivelmente assassinado na cidade do Rio de Janeiro. Desta forma, torna-se extremamente interessante os temas abordados pelo autor ao longo de sua obra.
O autor inicia sua argumentação apresentando uma ambiguidade que sofre o imigrante diante da necessidade de sair do território ao qual este seja pertencente por motivos de guerras, fome, desemprego e a dura violência e desigualdade que sofre no país que o recebe. O autor aborda também que, apesar dos acordos bilaterais entre as partes, o Estado exerce de forma unilateral a ação de recepcionar aquele migrante, pois os estados nacionais encontram-se assegurados pelo controle de seu território e pelas políticas públicas. Esses controles podem ser desde o ingresso ao território, até às condições de permanência do imigrante.
Importante dar destaque a uma abordagem trazida pelo autor em desrespeito a contextos históricos, onde foi possível verificar políticas ativas pela atração e inserção de trabalhadores estrangeiros. Tal medida foi também aplicada aqui mesmo no Brasil em seu contexto de formação. No entanto, tal medida não é mais vista atualmente. Ao contrário, é possível verificarmos uma crescente restrição e possíveis ameaças disseminadas à população local sobre o “malefício” trazido por essa população de migrantes estrangeiros.
Desta forma, portanto, é necessário desmistificar essa concepção errônea disseminada a respeito dos imigrantes. Imagens que muitas vezes se apresentam como ameaçadoras são alvos fortemente de barreiras e fronteiras.
Bibliografia
PÓVOA NETO, Helion. Território e mobilidade: barreiras físicas como dispositivos de política migratória na atualidade. In: NATAL, Jorge. (Org.). Território e planejamento: 40 anos de PUR/UFRJ. Rio de Janeiro: IPPUR-UFRJ; Letra Capital, 2011, p. 123-147.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)