Por Aster Leite
O Silêncio das Águas, 2016, é um romance da autora Brittainy C. Cherry, autora formada em artes cênicas, com especialização em escrita criativa. Sendo o terceiro volume, faz parte da Coleção Elementos junto de O Ar que Ele Respira, A Chama Dentro de Nós e A Força que nos Atrai. As histórias são independentes uma da outra, mas todas possuem os elementos como base e analogias nas trajetórias dos casais.
A história se inicia com a protagonista ainda criança, Maggie, após o pai se casar novamente e ambos se mudarem para a residência da sua nova madrasta. Como a maior parte das crianças é muito travessa, faladeira e esperta e conquista os adultos, mas o melhor amigo do seu novo irmão é um caso à parte. Brooks a detesta, mesmo sendo só algum tempo mais velho, a acha muito infantil e irritante.
Durante um entardecer, Maggie vai atrás do garoto sem a permissão dos pais, mas acaba testemunhando uma cena aterrorizante à beira de um rio, e a partir desse momento, sua vida foi profundamente impactada, com o trauma foi tão intenso que a deixou sem voz.
A família precisou se adaptar à nova rotina, e apesar dos esforços incansáveis de seus pais, nenhum tratamento parece surtir efeito. Com o passar dos anos, a jovem, que costumava ser tão alegre, precisa aprender a conviver com seus problemas psicológicos e a solidão, que a aprisionam nos limites de seu quarto, onde encontra refúgio na literatura e ao lado de Brooks, que após o incidente se culpa pelo que houve e se torna alguém presente para Maggie.
Nos momentos mais difíceis, Maggie tem um fiel companheiro ao seu lado, aprofundando cada vez mais sua conexão. O que começou como amizade gradualmente se transforma em um sentimento indescritível, algo que ambos não negam por muito tempo e buscam maneiras de um relacionamento que possa dar certo, por Maggie estar sempre enclausurada e Brooks no começo de sua carreira musical.
A obra não é isenta de problemáticas, o fato de a autora justificar curas de traumas e problemas com apenas amor e solidariedade não faz jus à realidade, onde a presença médica é um dos pilares necessários para isso.
Mas enfim, O Silêncio das Águas é uma história triste, mas bonita e com lições valiosas. Enquanto Maggie e Brooks lidam com tudo que passaram durante os anos, eles se ancoram no que puderem e um no outro, e este fato reflete a importância do perdão tanto para os outros quanto para si mesmo. Outro aspecto importante do livro é a forma como aborda questões de família e amizade, e destaca a importância de ter pessoas ao seu redor que irão apoiá-lo nos momentos felizes, mas principalmente, nos mais difíceis.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)