Indicação de leitura: O dom do crime, Marco Lucchesi

Dono de profunda precisão verbal, Lucchesi não é um autor qualquer. Seu texto foge da simplicidade, mas se mantém aberto à criação. O resultado é uma mistura de prosa e poesia, numa linguagem que encanta e hipnotiza. Tradutor, ensaísta e poeta premiado, Lucchesi volta seu talento para outro gênero e se lança, pela primeira vez, ao romance com o aguardadíssimo O dom do crime. Lucchesi cria um delicioso narrador-autor, não identificado, que conta uma história para o futuro. Um homem do século XIX que, ao ser aconselhado pelo médico a escrever suas memórias, se lança não para a própria vida, mas sobre um crime passional, notícia no Rio de Janeiro de Machado de Assis. Esse misterioso narrador traça paralelos curiosos entre este assassinato, o julgamento que absolve o marido supostamente traído e a obra mais aclamada de Machado, Dom Casmurro. Terá o Bento de Machado qualquer coisa do real José Mariano? E Capitu teria sido inspirada em Helena, a esposa que sucumbe ao ciúme do marido? Todos os dados de ordem informativa, factual, foram longamente pesquisados e comprovados, em papel velho e fontes congêneres — tudo passou pelo crivo de Lucchesi. Mas, para além disso, o romance traz uma flutuação permanente entre literatura e documento, história e ficção. Em O dom do crime, real e ficcional se entrelaçam numa obra de fôlego, em que os julgamentos dificilmente encerram a verdade dos fatos, a complexidade da vida. “Precisei realizar essa dinâmica todo o tempo, de modo a que o leitor se perguntasse, como num jogo, onde começa esta e onde termina aquela”, argumenta Lucchesi.

Fonte: Skoob

Biografia

Sétimo ocupante da cadeira nº 15 da Academia Brasileira de Letras, eleito em 3 de março de 2011, na sucessão de Pe. Fernando Bastos de Ávila , foi recebido em 20 de maio de 2011 pelo Acadêmico Tarcísio Padilha.

Marco Americo Lucchesi nasceu em dezembro de 1963, no Rio de Janeiro. Filho de Elena Dati e Egidio Lucchesi, primeiro brasileiro de uma família italiana. A partir de oito anos de idade mora em Niterói. Poeta, escritor, romancista, ensaísta e tradutor brasileiro, Marco Lucchesi é também professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Colégio do Brasil e da Fundação Oswaldo Cruz.

Formou-se em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e recebeu os títulos de Mestre e Doutor em Ciência da Literatura, pela UFRJ, e de Pós-Doutor em Filosofia da Renascença pela Universidade de Colônia, na Alemanha. É pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Diretor Acadêmico do Colégio do Brasil, Professor-Visitante da Universidade de Roma Tor Vergata e da Universidade de Craiova na Romênia.

Foi editor da revista Poesia Sempre, da revista Mosaico Italiano e, atualmente, desempenha a função de redator-chefe da Tempo Brasileiro. Destacou-se também no trabalho da Coordenação Geral de Pesquisa e Editoração da Biblioteca Nacional, responsável pela edição de catálogos e fac-símiles.

Seu campo de ação se estende a outras áreas relacionadas à cultura, à filosofia, à literatura, à filosofia da matemática, à teologia e à arte, destacando-se suas atividades como colaborador em importantes jornais, O Estado de São Paulo, O Globo, Jornal do Brasil e Folha de São Paulo; como dramaturgista, em montagens teatrais cariocas; como organizador de seminários para o Centro Cultural Banco do Brasil e a Funiarte e como curador de exposições da Biblioteca Nacional, como as que celebraram os cem anos da morte de dois escritores brasileiros: “Machado de Assis, cem anos de uma cartografia inacabada” (2008), e “Uma poética do espaço brasileiro”, sobre Euclides da Cunha (2009).  Em 2010, foi o responsável pela grande exposição do bicentenário daquela Casa: “Biblioteca Nacional 200 anos: uma defesa do infinito”.

Participou do júri do Prêmio Camões e do Prêmio Napoli, sendo também presidente do terceiro prêmio mais antigo de literatura italiana: o Prêmio Massarosa.

Merece destaque o seu papel de tradutor, graças ao amplo conhecimento de outros idiomas como: romeno, persa, grego, turco, búlgaro, servo-croata, polonês, alemão, árabe, espanhol, francês, inglês, italiano e russo, dentre outros.

Pertence a diversas instituições, dentre as quais o Pen Club do Brasil, o Instituto Histórico e Geográfico de Niterói , a Sociedade Brasileira de Geografia, a Academia Fluminense de Letras e a Academia Niteroiense de Letras.

Fonte: Academia Brasileira de Letras

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