Por Eduarda Motta
A Era do Capital: 1848-1875, de Eric Hobsbawm, é uma obra seminal que examina as transformações econômicas, sociais, políticas e culturais ocorridas no mundo durante o período pós-Revoluções de 1848 até a década de 1870. Hobsbawm, um dos historiadores mais influentes do século XX, oferece uma análise detalhada e crítica das forças que moldaram essa era de mudanças profundas.
Transformações Econômicas
Hobsbawm destaca a expansão do capitalismo industrial como a força motriz desse período. A Revolução Industrial, que começou na Grã-Bretanha no final do século XVIII, se espalhou por outras partes da Europa e da América do Norte, levando a um crescimento econômico sem precedentes. A introdução de novas tecnologias, como a máquina a vapor e o telégrafo, revolucionou a produção e a comunicação, facilitando o comércio global e a integração econômica.
Impactos Sociais
A industrialização trouxe consigo uma série de mudanças sociais significativas. A urbanização acelerada resultou no crescimento das cidades e na formação de uma nova classe trabalhadora urbana. Hobsbawm analisa as condições de vida e de trabalho dessa classe, destacando as desigualdades sociais e as difíceis condições enfrentadas pelos trabalhadores. Ele também discute o surgimento de movimentos trabalhistas e sindicatos, que começaram a lutar por melhores condições de trabalho e direitos sociais.
Política e Poder
No campo político, Hobsbawm explora a consolidação dos estados nacionais e o aumento do poder estatal. Ele argumenta que o período foi marcado por uma série de conflitos e revoluções que moldaram as fronteiras e as estruturas políticas da Europa. A unificação da Alemanha e da Itália é um exemplo de como o nacionalismo se tornou uma força poderosa. Além disso, Hobsbawm discute o papel do imperialismo, com as potências europeias expandindo seus impérios coloniais na África e na Ásia, buscando recursos e mercados para seus produtos industriais.
Cultura e Ideologia
Hobsbawm também aborda as mudanças culturais e ideológicas do período. Ele destaca o impacto do positivismo e do darwinismo social, que influenciaram o pensamento científico e filosófico da época. A literatura, a arte e a música também refletiram as transformações sociais e políticas, com movimentos como o realismo e o romantismo capturando as complexidades da vida moderna. Hobsbawm argumenta que essas mudanças culturais foram tanto uma resposta às transformações econômicas e sociais quanto uma força que moldou a percepção e a experiência das pessoas.
Conclusão
“A Era do Capital” de Hobsbawm oferece uma visão abrangente e crítica de um período crucial da história mundial. Sua análise detalhada das forças econômicas, sociais, políticas e culturais que moldaram o mundo moderno é essencial para a compreensão das raízes do capitalismo contemporâneo e das dinâmicas que continuam a influenciar nossas sociedades.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)