Por Natália Moraes
Andréa Pachá é uma juíza renomada da Vara de Família que, ao longo dos anos de experiência, coleciona histórias tristes, felizes, com reviravoltas ou totalmente clichês.
Através deste livro, mudando os nomes dos donos das histórias para preservar a intimidade deles, ela narra passagens que ocorreram em sua sala de audiência. Essas passagens retratam divórcios, disputas de guarda dos filhos, histórias de amor e desencontros, além de questões particulares de cada caso, que culminam no grande objetivo do livro: abordar a dificuldade de aceitar a quebra de expectativa em algo que um dia foi uma certeza.
Este livro não é um livro triste, daqueles que desanimam após a leitura, apesar do tema. É um daqueles livros que fazem você refletir sobre o caminhar da vida e prestar atenção no seu percurso. “A vida não é justa” muitas vezes apresenta histórias de amor reais e, intencionalmente ou não, mostrou-me, particularmente, que há amores que não deixam de ser amores apenas porque, em algum momento, o melhor a ser feito foi o divórcio. O livro ensina várias lições sobre cenários tão normalizados atualmente, mas que não deveriam ser.
Andréa Pachá apresenta histórias cujo tema poderia ser contado pela maioria da sociedade, mas ela possui uma sabedoria que vai muito além das palavras relacionadas à advocacia. Andréa Pachá explora a sensibilidade de cada momento, talvez exatamente ao desmistificar a normalização dos casos da Vara de Família.
Este livro não trata de uma única situação, portanto, não desperta apenas um sentimento. Muitas vezes, você ri com as histórias, é pego de surpresa, seja positivamente ou não, mas, na maioria das vezes, se vê amolecido pelo relato real.
“A vida não é justa” é um diário da juíza, com histórias que certamente a marcaram da mesma forma que marcaram milhares de outras pessoas. Escrever e reunir essas histórias foi uma bela maneira de mostrar a emoção presente em uma sala de audiência ou conciliação de uma Vara de Família e, ao mesmo tempo, alertar sobre o perigo de achar que toda história é real.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)