“Cem Gramas de Centeio”, Agatha Christie

Por Juliana Santiago

“Cem gramas de centeio” é um romance policial publicado em 1953 e escrito por Agatha Christie. Ela é conhecida por ser a Rainha do Crime, devido à incrível atmosfera de suspense criada em seus livros, através dos diálogos e da construção bem feita de seus personagens.

Na história, acompanhamos a investigação do inspetor Neele sobre a morte do rico empresário Rex Fortescue, envenenado por taxina, uma substância presente nos teixos – justamente as árvores encontradas no Chalé dos Teixos, onde o homem morava. Em seu bolso do paletó, havia um item curioso, o qual mais tarde seria essencial para a investigação: cerca de cem gramas de grãos de centeio.

A partir disso, o detetive embarca em uma busca pelo assassino, sendo levado a lidar com diversas intrigas familiares e a desvendar os mistérios que rondam as pessoas daquela casa, inclusive os funcionários. Todos têm motivos suficientes para desejarem matar o homem, e em sua maioria, estavam relacionados com a fortuna do patriarca. O inspetor precisará, então, se entranhar nesse universo repleto de hipocrisias e falsidades para solucionar o caso, enquanto outras duas mortes acontecem dentro da mesma casa.

Após a terceira morte, a Sra. Marple, personagem muito famosa da Rainha do Crime, visita a casa para ajudar a solucionar o crime, por conhecer a última pessoa assassinada. Ela não atua como a detetive principal, mas realiza uma participação importantíssima na história, trazendo um ponto de vista do caso diferenciado, que não havia sido refletido pelo inspetor Neele. A partir das informações coletadas, a simpática e aparentemente frágil velhinha consegue visualizar o desfecho do caso, que certamente surpreenderá os leitores. Ela percebe a ligação entre os três assassinatos ao lembrar de uma canção infantil, que se encaixa perfeitamente nos acontecimentos:

Reparem que canção mais singela:

Com cem gramas de centeio

E vinte melros de recheio

Basta fechar a panela

E esperar que se ponham a cantar

Uma torta tão bonita não faria o rei vibrar?

Enquanto ele no escritório, o dia inteiro,

Pensa só em ganhar dinheiro,

A rainha na sala sozinha

Come o pão com mel que lhe trazem da cozinha.

A criada, no quintal, estende a roupa, feliz,

Até que um passarinho safado lhe morde o nariz.

A escrita do livro é muito bem desenvolvida, e cada passo que o investigador dá instiga uma ansiedade em nós, leitores, para continuar a história. Dessa forma, tentamos a todo momento encaixar as peças do grande quebra-cabeça a fim de descobrir quem é o culpado. É um livro que nos induz a suspeitar de toda a família, deixando-nos confusos e nos surpreendendo no final, com a solução mais improvável que poderia se pensar. Nessa obra, Agatha Christie causa, mais uma vez, um grande impacto em quem lê, graças às suas grandes habilidades artísticas.

Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)

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