Documentário: “Babies”, Thomas Balmès

Por Gabriela Siqueira

Babies (2010), dirigido por Thomas Balmès, oferece uma experiência enriquecedora ao espectador ao explorar a primeira infância de 4 crianças de culturas distintas. O documentário aborda as semelhanças e diferenças culturais na criação de bebês no Japão, Estados Unidos, Namíbia e Mongólia. Apesar de viverem em diferentes contextos culturais, todas as crianças estão se desenvolvendo em seu próprio tempo. Elas brincam de maneiras diversas, com objetos distintos, mas todas essas brincadeiras refletem suas culturas e diversidades. O filme nos mostra de forma clara que todas estão passando pelo mesmo processo: a descoberta do mundo.

Ao alternar entre os quatro bebês e seus contextos culturais únicos, o filme oferece uma visão envolvente das práticas de criação, desde o cuidado íntimo e centrado nos bebês do Japão até a liberdade e independência encorajadas na Mongólia. Essa abordagem permite ao público não apenas testemunhar, mas também comparar e contrastar como diferentes culturas valorizam a infância e promovem o desenvolvimento dos bebês. No entanto, uma crítica que se pode fazer é que o filme poderia ter se aprofundado mais em algumas das questões culturais. Por exemplo, enquanto vemos os bebês da Mongólia em um ambiente de extrema liberdade e contato com a natureza, poderíamos ter sido apresentados às crenças e tradições locais que sustentam essas práticas. Uma exploração mais profunda desses aspectos antropológicos poderia ter enriquecido ainda mais a narrativa.

É possível perceber, também, que o documentário não conta com a presença de diálogos entre adultos, o que, além de pôr em foco a experiência dos bebês, ressalta a universalidade da linguagem não verbal e dos gestos que atravessam culturas.

Vale ressaltar que Babies (2010) adota um ponto de vista bastante otimista sobre a infância. O filme celebra a inocência, a curiosidade e a resiliência dos bebês, o que pode parecer um retrato idealizado da primeira infância. Embora essa abordagem seja tocante e inspiradora, também pode ser considerada limitada, já que não aborda as realidades mais difíceis que muitas crianças enfrentam em todo o mundo, como pobreza, conflitos ou negligência.

Por fim, ressalto que Babies (2010) é um documentário encantador que nos permite observar o comportamento infantil em diferentes contextos, evidenciando como somos indivíduos únicos. Não podemos esperar que todos se desenvolvam e se comportem da mesma maneira. Quem somos nós para impor essa padronização às crianças? Devemos cultivar um olhar autêntico diante de cada indivíduo, reconhecendo suas singularidades. Esta é uma das reflexões que pode-se fazer a partir deste documentário. Ele se mostra uma excelente ferramenta para refletirmos sobre o comportamento infantil e superarmos nossos preconceitos em relação a outras culturas.

Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ) 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *