Por João Victor Ribeiro
Edifício Master (2002), dirigido por Eduardo Coutinho, é um documentário que oferece um olhar íntimo e penetrante sobre a vida dos moradores de um edifício residencial em Copacabana, Rio de Janeiro. A obra se destaca por sua abordagem humana e profunda, explorando as histórias individuais dos residentes com uma sensibilidade única e um toque de empatia que é característico do diretor.
O filme é ambientado no Edifício Master, um prédio que abriga cerca de 276 apartamentos. Coutinho e sua equipe passam algumas semanas no local, entrevistando os moradores e capturando suas histórias de vida. Cada entrevista revela um pouco da alma do edifício e de seus habitantes, pessoas comuns com histórias extraordinárias e muitas vezes comoventes.
A narrativa é construída a partir de conversas francas e sinceras, que desvendam sonhos, frustrações, amores e desilusões. Coutinho, com sua habilidade em criar um ambiente de confiança, permite que os entrevistados se abram de maneira rara e autêntica, resultando em relatos espontâneos e emocionantes. A diversidade dos entrevistados – que inclui jovens, idosos, solteiros, casados, artistas, trabalhadores – oferece um retrato multifacetado da vida urbana e das complexidades das relações humanas.
A montagem do documentário é cuidadosa e equilibrada, mesclando momentos de introspecção profunda com cenas que capturam a rotina do prédio e a interação entre os moradores. A direção de fotografia, sem grandes artifícios, contribui para a autenticidade do filme, fazendo o espectador sentir-se parte daquele universo.
Além de ser um estudo sobre a vida em comunidade e a solidão nas grandes cidades, Edifício Master também convida o espectador a refletir sobre sua própria existência. O filme levanta questões universais sobre o sentido da vida, a busca por felicidade, o envelhecimento e o impacto do tempo sobre os sonhos e aspirações individuais.
Edifício Master é uma obra-prima do cinema documental brasileiro. Eduardo Coutinho, com sua sensibilidade e respeito pelos entrevistados, transforma o cotidiano aparentemente banal em uma narrativa poderosa e reveladora. O filme é uma celebração da vida em todas as suas formas, mostrando como, por trás de cada porta de um edifício, há uma história digna de ser contada.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)