Por Tainah Brites
Os Anos JK: Uma Trajetória Política (1980), com direção do cineasta Silvio Tendler, é um documentário que conta toda a carreira de Juscelino Kubitschek no cenário político, presidente que marcou, em diversas áreas, a história do país.
O documentário inicia com uma contextualização do Brasil na década de 40, onde também é introduzida a aparição de JK. Nesse momento, uma importante apresentação é feita, com a narração da história do ex-presidente, que vivia no interior de Minas Gerais e trabalhava como médico. Começou como prefeito de Belo Horizonte, posteriormente se tornou governador do estado e, poucos anos depois, chegou ao cargo de presidente da república.
JK ganhou as eleições com 36% dos votos. Tinha grandes planos, como a proposta da realização de uma administração de 50 anos em 5 (um dos pontos mais comentados sobre o ex-presidente ainda nos dias de hoje) e o investimento em uma indústria automobilística. Ele sonhava com a modernização do país. Juscelino trouxe a indústria estrangeira para o Brasil. Durante este período, começou um grande momento da cultura nacional: foi a época da Bossa Nova, ascensão do teatro, cinema e bienais.
Olhando para esses detalhes, pode-se pensar que foi um governo perfeito. Mas logo é criticado durante o filme o descaso com muitas regiões do país, como o Nordeste. O país estava dividido. Muitos avanços tecnológicos, enquanto a população sofria com a miséria. Neste momento, os depoimentos trazidos ao documentário são cruciais.
Havia violentos protestos e pressão do povo em cima do governo. No dia 21 de abril de 1960, Juscelino estreou Brasília, que veio a ser a capital do Brasil e a sede do poder político. Pode-se interpretar que esta informação foi trazida neste momento para o telespectador refletir que esta ideia foi executada também com o objetivo de fugir da pressão popular, visto que era uma cidade distante, de difícil acesso. Assim, não seria mais tão fácil a violação direta dos patrimônios políticos como forma de protesto.
Porém, o mandato de JK chegava ao fim, e quem era visado como próximo candidato era João Goulart, presidente que também é documentado por Silvio Tendler 4 anos depois. Assim segue o documentário, detalhando o caos pós-JK, até o fatídico golpe de 1964.
O filme, com uma rica seleção de gravações, imagens, depoimentos e uma trilha sonora que dialoga tanto com a história, prende o telespectador e o ajuda a mergulhar verdadeiramente nesta narrativa, que é tão importante, visto que não fala apenas da história de JK, mas também de tantos nomes e momentos marcantes da política brasileira. Toda essa dedicação na seleção de arquivos faz deste um filme muito necessário. Esse documentário, com a riqueza de detalhes, também pode ser visto como uma grande aula de História do Brasil.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)