Documentário: “Privacidade Hackeada”

Por Matheus Rodrigues

Com a globalização, a tecnologia se disseminou, os conceitos de longe e perto mudaram completamente: assim como fisicamente podemos chegar em horas nos lugares que no século passado demorávamos dias, virtualmente podemos estar em contato instantâneo, seja por trabalho, amizade, estudo, família ou lazer, por meio das redes sociais, ou seja, nós estamos cada vez mais a mercê desse novo aparato tecnológico, e o que muito de nós não percebemos é que ao baixar qualquer aplicativo concordamos sem questionar com diversas permissões do desenvolvedor, dando autorizações para câmera, notificações, mensagens, entre outras privacidades que tenhamos disponíveis, as quais eles podem usar para desenvolver um aplicativo focado nos seus clientes ou para lucro com a venda dessas informações. Dessa forma, penso: “Quanto tempo demorei até perceber que estava dando minhas informações gratuitamente?”. No entanto, não vejo uma solução muito plausível para o assunto, pois alguns aplicativos só funcionam com a devida autorização. Esse é o preço que estamos pagando pela evolução da internet.

Nesse âmbito, podemos perceber que, assim como o documentário mostra o escândalo que se disseminou com a venda de informação de milhões de usuários, quantas outras vendas não ocorrem em proporções menores e sem ninguém saber? Sendo assim, a gente fica receoso, alguns colam fita nas câmeras de computadores e celulares, alguns desligam quando vão falar assuntos sérios. Conheço muitas pessoas assim. Não sei se julgo que seja loucura, ou se de fato elas possuem razão em querer continuar com suas privacidades. Em viés disso, eu penso muito que gostaria de ter nascido em outra época, uma época que podíamos viver mais o real e aproveitar com amigos, família, sem ninguém ficar se distraindo com algo remoto, às vezes, quando saio com minha namorada falo: “Vamos combinar de não mexer no celular, quero aproveitar e me divertir com você”. Sei que não é culpa dela, mas é algo que já se enraizou em uma grande parte da população mundial, não conseguem ficar sem suas redes. Minha mãe nem mexer em computador mexia, eu convenci ela a ter um Orkut, depois um Facebook, depois em ter um smartphone com WhatsApp e criei um monstro haha. Até minha avó agora adentrou nesse mundo, e isso só tende a se estender.

Nesse cenário, podemos notar que isso tudo é uma faca de dois gumes, onde devemos saber como utilizar tal instrumento, onde muitas pessoas ficam confusas e se deixam levar pela diversão e ilusão, jogam, veem séries, filmes, postam fotos e vídeos, enquanto a vida real delas fica parada, pois não sabem botar na balança a importância das coisas. Eu tenho familiares jovens e adultos que simplesmente pararam a vida, desenvolveram ansiedade e alguns até depressão, possuem seus ciclos circadianos totalmente desregulados e, infelizmente, muitos estão tendendo a esse mal. Porém, por outro lado, temos pessoas que sabem balancear e utilizam bem a internet, estudam, trabalham, pesquisam e evoluem mentalmente, não deixam de fazer suas atividades físicas, familiares, sociais de forma pessoal, e também não deixam de ver um filme ou jogar algo. Às vezes, a questão de tudo é a concentração, podemos botar em comparação com um remédio, que em determinada concentração auxilia no combate de doenças, mas em hiperdosagens leva à overdose. Logo, notamos que o equilíbrio é o essencial. 

Assim, notamos que devemos usar a tecnologia na medida certa e obter conhecimento para conseguirmos ter noção de com o que estamos nos envolvendo. Tudo tem um pró e contra, não vá achando que só seu plano de internet paga os inúmeros benefícios das redes. Ler tudo antes de concordar com os termos tem que ser algo trivial, a transparência dessas empresas tem que ser algo exigido por nós. Mas, acho que é bem difícil de mantermos o controle dessa situação, pois, daqui a pouco virão mais avanços, robôs de inteligência artificial, chips neurológicos, teletransporte, nano-robôs para cura de doenças, tudo isso já está sendo estudado e está crescendo de maneira exponencial, a cada avanço a tecnologia se atualiza mais rapidamente, se antigamente levavam 50 anos para uma inovação, hoje são 10, e quem sabe, talvez, amanhã seja 1? Esse é o potencial humano, sim, humano também, pois se não tivéssemos o potencial ilimitado da humanidade, nada disso ocorreria, é como Isaac Netero diz para o ser mais evoluído tecnologicamente e detentor de todo conhecimento do universo fictício de Hunter x Hunter: “O potencial humano para evolução não tem limites”.

Por fim, é complicado dizer quem vai sair vitorioso dessa batalha: a tecnologia ou a humanidade. Por um lado, a tecnologia depende de nós e, por outro, do jeito que anda nossa sociedade e a desunião, em prol da ambição, é fácil afirmar que estamos virando escravos da tecnologia.

Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *