Por Rubens Lorenço
O documentário Super Size Me: A Dieta do Palhaço (2004) mostra como é importante a existência de ferramentas valiosas para analisar determinantes e os efeitos dos hábitos alimentares na saúde pública.
Quando Spurlock fez o experimento usando seu próprio corpo de cobaia, demonstrando os efeitos dos piores hábitos alimentares que se pode ter hoje em dia, consequentemente mostrou também como as empresas desejam vender, vender e vender, visando apenas o lucro, mesmo que os seus clientes tenham a sua saúde debilitada.
Fiz uma pesquisa rápida e constatei que estudos epidemiológicos têm mostrado que o consumo frequente de fast food está fortemente associado ao aumento das taxas de obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares. Esses dados sugerem que a prevalência dessas doenças está intimamente ligada ao fácil acesso e à publicidade agressiva de alimentos altamente calóricos e pobres em nutrientes. O documentário destaca como essas práticas comerciais influenciam escolhas alimentares, especialmente em populações de baixa renda que dependem de fast food por questões de custo e conveniência. Fica a questão de que, se as doenças surgem do mau hábito alimentar, isso é um resultado de escolhas individuais, ou é um reflexo de um problema maior?
A certeza é que a epidemiologia nos ajuda a ver que, para combater a obesidade e melhorar a saúde pública, não basta apenas focar em mudanças individuais, é necessário também implementar políticas públicas que regulem a indústria alimentícia, promovam a educação nutricional e aumentem o acesso a alimentos saudáveis.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)