Por Lucas Pontes
O filme conta a história de um apresentador norte-americano muito popular dos anos 60 que vê a sua audiência despencar e decide realizar um programa sensacionalista na noite de Dia das Bruxas para recuperar seus telespectadores, após sucessivas quedas na audiência.
O apresentador Jack Delroy (David Dastmalchian) passa, gradativamente, por muitos momentos difíceis na sua vida: passa a fazer parte de uma seita, perde sua esposa para um câncer sem solução e ainda precisa lidar com a possibilidade de sua emissora não renovar seu contrato para os próximos anos; então, ele decide montar um programa de Halloween diferente. Ele escala três pessoas para uma entrevista, a primeira era um médium, sua participação foi bem curta, mas esse primeiro convidado cria todo o mistério e imersão do filme. Ele realizava demonstrações de mediunidade, conversando com pessoas que já morreram e sentindo vibrações boas e ruins da plateia como um jogo de adivinhação.
O segundo convidado é um personagem cuja proposta no programa era revelar que todas essas possibilidades paranormais não passavam de um truque, charlatanismo, inclusive ele mesmo faz algumas demonstrações de como seriam possíveis alguns dos acontecimentos desse programa para a audiência. E o último convidado, e mais interessante, são duas mulheres, uma mais nova com no máximo 15 anos, e a outra era uma pesquisadora que adotou essa jovem e realizava estudos nela. A proposta da sua participação seria despertar na jovem um demônio adormecido para que o apresentador pudesse realizar a entrevista, e depois a doutora conseguiria conter esse demônio, trazendo a menina de volta.
A ideia do filme é o tempo todo nos introduzir numa entrevista real e imersiva com o apresentador e os participantes. É muito interessante o desenvolvimento da história ao decorrer do tempo em que o gerenciamento do programa, que deveria ser totalmente previsível, se torna descontrolado.
O filme deixa muitas pontas soltas e sem explicação; o final permite mais de uma interpretação do que de fato aconteceu, os atores são muito bons, mas nem todos foram bem aproveitados, os tempos de intervalos do filme e apresentações por trás dos bastidores poderiam acrescentar mais do que uma pausa dramática ou todas as vezes que um funcionário do programa vinha passar informações para o Jack sobre o que acontecia fora do programa. O que eu mais gostei foi a ambientação de um programa de televisão dos anos 60 e a montagem do filme que lembra o teatro, onde existem os atos separando cada momento da peça. O filme é bom e tem uma proposta legal, apesar do tema paranormal.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)