Por Aliyah Minott
Uma pandemia é descrita como um surto de uma doença que ocorre numa vasta área geográfica (tais como múltiplos países ou continentes) e que afeta tipicamente uma proporção significativa da população. Neste filme, destacam-se vários surtos como a varíola, a peste bubônica, a tuberculose e a gripe. Levantando a questão: “Poderá isto causar o fim da sociedade?”
Quando eu era criança e estava crescendo, as pandemias para mim eram como histórias que ouvia nas aulas de história, sobre doenças que mataram milhões de pessoas há muitos anos, por isso pareciam irreais. Assim, quando o filme começou a mencionar o ébola na África, lembro-me de ter ficado em completo choque e horrorizado ao perceber que um agente microbiano, invisível aos nossos olhos, poderia causar um caos tão grande, com sintomas como febre, dores musculares e enxaquecas, a ponto de destruir o fígado e os rins da pessoa, causando hemorragias internas e externas. Países como Libéria, Serra Leoa, Nigéria e Senegal ainda temem até hoje o horror dessa doença que afetou seus cidadãos. Só o medo que esses países ainda sentem me fez lembrar da preocupação que tive no início da pandemia de COVID-19. A angústia de sair de casa, de interagir com outras pessoas, porque também temia a morte. Mas o que realmente me intrigou no filme foi o fato de eles mencionarem que o ébola já existia há muito tempo, e que o mesmo pode ser dito sobre a COVID-19. Perguntas como: por que não desenvolveram uma cura, um plano de tratamento ou uma vacina para combater essa doença, já que ela existia antes? Se essas são doenças conhecidas, por que ainda afligem tantos países? Quais são os fatores que contribuem para isso?
À medida que o filme avança, ele responde a uma das minhas perguntas provocadoras de pensamento. Houve um caso na pequena comunidade de La Gloria: um rapaz contraiu uma doença desconhecida, que afetou sua saúde, e, em pouco tempo, foi considerado o paciente zero da mutação do H1N1, vulgarmente conhecida como gripe suína. Essa mutação atormentava os habitantes de La Gloria. Logo naquele momento, aprendi que uma doença pré-existente poderia emergir como algo novo, com mais complexidade, e que, com a complexidade, viriam as vidas perdidas de entes queridos e a raiva aprofundada na sociedade.
A mãe do paciente zero sentiu que precisava proteger seu filho dos cidadãos, pois o culpavam pelo fato de estarem doentes e morrendo. Infelizmente, percebi que isso é exatamente o que aconteceu nas fases iniciais da pandemia de COVID-19, quando as pessoas culpavam o país da China e o isolavam do resto do mundo, tratando mal as pessoas de origem chinesa.
Este filme realmente abriu os meus olhos para o fato de os humanos estarem procurando alguém ou algo a culpar, e há suspeitas de que isso aconteça, seja devido a doenças naturais ou causadas pelo homem. Houve uma cena no filme que mostrou um caso em que o vírus foi utilizado como arma num ataque aleatório ou numa guerra biológica, o que levou ao ponto de os seres humanos poderem ser a causa da sua própria extinção. Um exemplo disso são as medidas de precaução e os protocolos estabelecidos pelos governos para o caso de ocorrer outro surto. Naturalmente, como seres humanos, queremos estar no controle. Se uma pessoa estiver doente com uma infecção viral, na maioria das vezes ela tomaria um antibiótico. Em países como o meu, um médico prescreveria tal medicamento e dar-lhe-ia instruções. Em outros países, pode-se ultrapassar a ida a um médico e ter acesso sem limitações a esse antibiótico. Inicialmente, eu pensaria que não há nada de errado em ser mais cauteloso, mas o que aprendi com este filme é que estamos a contribuir para o desenvolvimento de uma super bactéria resistente aos antibióticos, e é por isso que uma das razões pelas quais a tuberculose ainda existe até hoje. Talvez, se os antibióticos e outros medicamentos fossem mais controlados, as possibilidades de termos surtos de doenças teriam diminuído.
Em conclusão, o novo conhecimento profundo deste filme intrigou-me muito. Aprendi como as doenças antigas podem emergir em algo novo, como os humanos são rápidos a culpar os outros, a suspeita de que estas doenças são feitas pelo homem e que os humanos desempenham um papel importante na propagação de doenças. Atualmente, estamos a viver a pandemia da COVID-19, sabendo que em breve ela passará, mas outra poderá surgir mais cedo ou mais tarde. Um medo que tenho agora, conhecendo as capacidades de uma bactéria e a sua resistência aos esforços da Humanidade.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)