“Histórias da Preta”, Heloísa Pires Lima

Por Caio Balbino

O livro “Histórias da Preta” é uma produção que encanta os olhos do leitor. É uma obra que contempla reflexões históricas importantes, relatos pessoais que geram reflexões críticas acerca do que é ser negro no Brasil. Traz à tona para uma discussão elementos que desenvolvem uma colaboração com a luta antirracista por meio da literatura. Um ótimo recurso de se trabalhar em sala de aula, com potência, conhecimento e que desperta uma postura antirracista. 

Preta, a personagem principal dessa história, começa levantando questões sobre como é ser vista como negra na percepção das pessoas e na sua própria percepção. “Ser negra é como me percebem?” “Como eu me percebo?” “Quem inventou a cor das pessoas?”. A partir dessas indagações de Preta, podemos entender que a obra promete um papel significativo na valorização da cultura afro-brasileira e na representatividade que se causa nos pequenos leitores. 

A identidade e o fortalecimento dessa representação, de se reconhecer no outro através de uma leitura, contribuem para uma formação consciente de como se enxergar e atuar diante de uma sociedade racista e preconceituosa. Traz uma potência positiva para a construção desse conhecimento vinculado à literatura e cultura, que são meios fundamentais para uma educação de qualidade. O livro também aborda histórias extremamente relevantes sobre a história da África, a escravização e toda a resistência do povo negro dentro daquele contexto passado. Pensar que essa temática, nas mãos dos pequenos leitores, é uma ferramenta potente para promover uma reflexão, discussão e diálogo vivo sobre as questões raciais e o contexto de como eram as relações naquele determinado período. 

“Histórias da Preta” é um livro que, com muitas finalidades, tem também a facilidade de inspirar e despertar a curiosidade dos leitores em se dedicar mais a uma parte da história do Brasil. Pode e deve inspirar jovens e crianças a se orgulharem da herança cultural e se apropriarem de suas raízes. 

Quando pensamos na formação da sociedade brasileira, a resistência negra é um grande marco e ter conhecimento profundo sobre esse período é se engajar a uma construção de um povo mais crítico, onde todos consigam respeitar e valorizar suas próprias culturas e raízes. 

Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)

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