Por Felipe Patitucci
Jurassic Park, publicado em 1990, é um dos romances mais populares de Michael Crichton, combinando ficção científica com suspense em uma narrativa que traz questões sobre ética científica e a imprevisibilidade da natureza. Crichton, médico e escritor, traz seu gosto pela genética, inteligência artificial e biologia para a vida em Jurassic Park. O livro, que inspirou uma grande franquia de filmes, permanece historicamente relevante por sua exploração da engenharia genética e suas implicações, servindo como um alerta sobre os perigos de manipular a vida animal para lucro e entretenimento.
A história se passa na Ilha Nublar, uma ilha isolada onde o bilionário John Hammond criou um parque temático cheio de dinossauros clonados. Usando DNA de dinossauros recuperados, Hammond e sua equipe de cientistas trazem espécies extintas de volta à vida, com a intenção de abrir o Jurassic Park ao público. Para tranquilizar investidores e responder a preocupações de segurança, Hammond convida um grupo de especialistas para visitar o parque: o paleontólogo Dr. Alan Grant, a paleobotânica Dra. Ellie Sattler e o matemático Dr. Ian Malcolm. Junto com os netos de Hammond, Lex e Tim, eles fazem uma visita guiada ao parque, conduzida pelo segurança Robert Muldoon, o geneticista Dr. Henry Wu e o engenheiro-chefe, John Arnold. O complexo é altamente automatizado e controlado por sistemas tecnológicos avançados.
A história se desenvolve com a percepção gradual de que a tecnologia sofisticada e os sistemas de segurança do parque estão longe de serem perfeitos. Malcolm, um defensor da teoria do caos, prevê que a complexidade do parque e a arrogância de Hammond tornam o desastre algo inevitável. Suas previsões se concretizam quando um funcionário insatisfeito, Dennis Nedry, sabota os sistemas de segurança do parque para roubar embriões valiosos, desativando a rede elétrica e liberando os dinossauros de seus locais designados. Na manhã seguinte, Arnold reinicia os sistemas do parque, mas, devido a um descuido ao reiniciar o gerador principal, ele deixa o parque vulnerável, permitindo que dinossauros perigosos, como os velociraptors e o famoso T. Rex, escapem. Com os animais à solta, o grupo precisa enfrentar os perigos do parque.
Grant e as crianças navegam pelo rio, sobrevivendo por pouco, mas eventualmente são encurralados pelo tiranossauro que os perseguia. Por sorte, encontram um galpão de manutenção que contém um veículo e um raptor juvenil, o qual Grant leva com eles para usar como evidência. Por outro lado, na sala de controle, o caos é instaurado quando a energia falha, levando à morte de Arnold, que tenta restaurar a energia. Quando Grant, Tim e Lex chegam ao centro de visitantes, se deparam com o local destruído e encontram um rádio, que os informa da situação e da posição dos outros sobreviventes.
No clímax da obra, Grant consegue acessar a estação e restaura a energia do parque. Entretanto, ao voltar para encontrar as crianças, os Raptors acabam cercando-os no laboratório de genética. Com muito esforço, Grant consegue eliminar os dinossauros usando os produtos químicos altamente perigosos do laboratório e eventualmente restaurar os sistemas do parque. Enquanto os sobreviventes aguardam o resgate, Hammond “foge” e é morto por dinossauros carnívoros. Malcolm também morre devido aos seus ferimentos. Grant obriga Gennaro a confrontar as consequências das ações da InGen. Depois de finalmente saírem da Ilha, ele descobre que os animais fugitivos do parque aparecem em outros locais, o que leva as autoridades a manter os associados ao parque sob vigilância até que a situação seja totalmente controlada.
Um tema central de Jurassic Park é a ética do avanço científico. O autor explora os perigos da engenharia genética e questiona a moralidade de reviver espécies extintas para lucro e entretenimento. A visão de Hammond de um parque temático cheio de dinossauros mostra os perigos de priorizar o ganho comercial em detrimento das considerações éticas, de segurança e do uso responsável da ciência. Cego pela ambição, não prevê as consequências de suas ações, e sua teimosia em ouvir os avisos de especialistas como Malcolm é a principal causa dos problemas gerados.
Outro tema importante é o teor caótico da natureza, incorporado no personagem Ian Malcolm, que destaca a imprevisibilidade dos sistemas complexos e os limites do controle humano. As percepções dele sobre a teoria do caos servem como uma crítica à arrogância dos criadores do Jurassic Park. O autor, por meio do personagem, sugere que a natureza é inerentemente caótica e incontrolável, e qualquer tentativa de manipulá-la ou contê-la está fadada ao fracasso.
O protagonista, Grant, é um paleontólogo habilidoso e racional que serve como bússola moral da obra. Seu respeito genuíno pelos dinossauros e seu compromisso com a pesquisa científica contrastam fortemente com as motivações comerciais de Hammond. A experiência de Grant no parque o obriga a confrontar a realidade dos dinossauros vivos, bem como as considerações éticas da clonagem e manipulação genética. Seu instinto protetor com os netos de Hammond, Lex e Tim, revela sua humanidade e resiliência diante do perigo.
O Dr. Ian Malcolm, matemático e especialista em teoria do caos, serve como uma voz de razão e ceticismo. Suas previsões sobre o fracasso do parque fornecem um contraponto filosófico às ambições de Hammond e dos cientistas. Hammond, por sua vez, é um personagem complexo que incorpora tanto a inovação quanto a imprudência. Movido pelo desejo de expandir os limites da ciência, ele não reconhece os limites éticos de seu trabalho e subestima os perigos de sua criação.
Opinião Pessoal
Já tendo visto o filme algumas vezes, senti vontade de ler o livro para conhecer a obra original. As questões filosóficas sobre ciência, ética e a imprevisibilidade da natureza certamente ficam mais explícitas no livro, mas acho que o filme adaptou relativamente bem o material original. A obra não só tem uma narrativa interessante, mas também convida frequentemente o leitor a refletir sobre diversos temas científicos e sociais. Um ponto negativo que posso comentar é o fato da principal personagem feminina, Ellie Sattler, ter sido subaproveitada em muitos momentos, geralmente sendo utilizada como alívio cômico/romântico na narrativa. No geral, vale a leitura, mas acho que os filmes são a melhor forma de consumir essa história.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)