Por Joyce Caroline
Lolita é um livro perigoso, Nabokov é um autor perigoso, em diversos de seus textos há referências à atenção masculina à sexualidade adolescente feminina. Em Lolita o autor explora diretamente a pedofilia a partir da perspectiva do criminoso.
O livro começa com o protagonista Humbert, professor que sempre se sentiu atraído por meninas narrando sua história. No livro vemos o personagem se “apaixonar” pela filha de sua senhoria. O personagem então casa com a mãe da menina para ficar próximo da criança, pouco após o casamento sua esposa sofre um acidente de carro indo a óbito, o então padrasto leva Dolores, que é apelidada de Lolita, por uma viagem pelos Estados Unidos e inicia o que
o protagonista consideraria romance com a jovem.
A narrativa e o histórico do autor fazem levantar dúvidas sobre a verdadeira intenção do autor. Apesar de Nabokov deixar claro que não é o narrador e o protagonista ser um criminoso preso, não fica clara a intenção do livro, a história é nebulosa.
Na cultura pop o livro foi romantizado, criou -se uma cultura em volta da imagem de Lolita, especialmente após os filmes que sexualizaram ainda mais a personagem. Por ser um livro que tratava da visão distorcida do personagem, ao ser retratada no filme esses pequenos detalhes que são importantes no livro para entender a violência não existem, vemos a Lolita que Humbert queria e não a Dolores como ela era.
Lolita é um livro para quem já está acostumado a ler e a interpretar, os pequenos detalhes aqui contam muito na narrativa, a primeira vista pode parecer um romance disfuncional, mas a realidade dos atos mora nos pequenos detalhes. Talvez esse seja exatamente o motivo do sucesso do Livro, que o tornou um dos maiores livros do século XX, Lolita não mostra apenas a mente do personagem mas também revela a mente de quem lê.