“O Sol da Meia Noite”, Stephenie Meyer

Por Patrick Torquato

E se tivéssemos acesso ao ponto de vista de um outro personagem de uma obra que lemos e nos envolvemos? Seria possível obtermos mais informações sobre as situações narradas por um narrador de primeira pessoa? Poderia nos responder o que tal personagem estava pensando quando fez ou falou algo naquelas situações, ou por que não o fez/falou? É exatamente isso que a autora de uma das maiores sagas de livros da história, Stephenie Meyer, fez em 2020 ao lançar o livro O Sol da Meia Noite, que traz ao leitor o ponto de vista do vampiro Edward Cullen, aos acontecimentos que se passam em seu primeiro livro da saga Crepúsculo.

Depois de abandonar o projeto há mais de uma década devido ao vazamento dos primeiros escritos de O Sol da Meia Noite, a autora da saga surpreende os fãs ao lançar oficialmente o livro em meio à pandemia. O códice, que contém mais de 700 páginas, traz aos leitores não só as mesmas cenas e situações já lidas décadas antes, mas também se aprofunda nos pensamentos, dilemas, decisões e vida de Edward, assim como mostra situações e conversas que o leitor não poderia ter acesso devido aos livros serem narrados do ponto de vista da personagem principal, a humana Isabella Swan.

Edward é um vampiro com mais de 100 anos que não se dá bem com quem é, com a vida que lhe foi dada. Para além disso, não consegue compreender, conceber e perceber o porquê de seu poder de ler mentes não funcionar com a nova estudante da escola que ele e seus irmãos vampiros são obrigados a frequentar para manter as aparências e poderem ficar mais tempo em uma mesma cidade. E também o fato de não entender os sentimentos que essa nova pessoa em sua vida evoca nele. 

Ao longo da narrativa, o leitor é capturado por esse universo fictício, que traz elementos de romance, descoberta, transformação, política, mortes e superação. A escrita da autora, divisão de capítulos e a tradução são bem trabalhadas, não deixando a leitura arrastada e pesada, contando, claro, com a nostalgia e apreço que os leitores da saga e fãs têm ao ter contato novamente com esse universo.

Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ) 

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