Por Julia Hurel
O livro “Vermelho, Branco e Sangue Azul” conta a história ficcional de romance entre Alex, o filho da presidente dos Estados Unidos, e Henry, o príncipe herdeiro da Inglaterra. Sim, isso mesmo que você acabou de ler, um livro LGBT+ que traz uma proposta inicialmente clichê e consegue conquistar o coração dos leitores com humor, uma pitada de história norte-americana, conflitos políticos e um casal maravilhoso. A narrativa também traz diversos temas bastante importantes, como homofobia, racismo e corrupção.
Algo que eu gostei demais foi a questão de representatividade, o protagonista é um homem bissexual não-branco – filho de pai mexicano – o que é uma grande questão no livro devido ao preconceito contra a comunidade LGBT e latinos muito difundido nos EUA até os dias atuais. Dessa forma, são abordadas muitas questões emblemáticas de forma mais leve e descontraída. A obra literária é bem engraçada, me fez cair na risada incontáveis vezes, mas só lendo para entender.
Ao decorrer do livro, você vê essa relação tão bonita se desenvolver. Henry e Alex na verdade eram inimigos, rivais, não se davam nem um pouco bem (o famoso “enemies to lovers”). Até que um acontecimento faz com que eles precisem fingir que são amigos e, a partir daí, eles começam a se conhecer de verdade e perceber que “Ele não é tão ruim assim…”. Ao mesmo tempo, precisam atender às responsabilidades de estarem num cenário de liderança política, ainda mais que, no caso de Alex, ele também vê seu futuro profissional ligado a esse ramo.
Além disso, a trama conta com personagens secundários muito carismáticos, todos têm uma história relevante e uma participação significativa na história. Há mulheres fortes como a própria mãe de Alex, a 1ª mulher presidente dos EUA e mãe solteira nas horas vagas; Nora, uma grande amiga do protagonista; Zahra, uma importante figura política; entre outros personagens que ajudam Alex em seu trajeto para sua autodescoberta em relação à sua sexualidade e a quem ele quer ser perante o mundo.
Por fim, considero uma leitura super válida e divertida, mas pode ser um pouco maçante caso você não goste muito de política ou história estadunidense. Portanto, leia com isso em mente e deguste ao máximo dessa experiência que realmente conseguiu me tirar da ressaca literária. Adianto que não há muitas cenas explícitas e elas podem ser facilmente puladas caso você não se interesse por esse tipo de leitura.
Esta resenha faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)