Por Sarah Suzart
O livro começa de um ponto no futuro em que toda a história a ser contada já aconteceu. O narrador é o personagem Bento Santiago, que naquele momento era um homem idoso. Ele explica como recebeu o nome ou apelido de Dom Casmurro: esse termo foi criado por um poeta que tentou apresentar sua poesia para ele no trem. Porém, Bento dormiu durante a recitação, o que causou certa irritação no jovem que começou a chamá-lo com aquele termo.
Após essa breve explicação, o narrador inicia uma retrospectiva de sua vida, ele nomeia tal ato de “atar as duas pontas da vida”. A infância de Bentinho é apresentada, ele morava em um casarão com sua família na rua de Matacavalos. O narrador descreve alguns acontecimentos do início de sua vida, mas o primeiro relato importante e também angustiante para Bentinho é o fato de que José Dias (o agregado) e D. Glória (sua mãe) conversavam sobre a promessa que ela havia feito de mandar seu filho para o seminário. Isso foi prometido, pois D. Glória tinha perdido um filho e deu sua palavra de que, caso seu segundo filho viesse homem, ela o tornaria padre. Durante essa conversa, a mãe do rapaz é informada sobre a profunda amizade entre ele e a filha de Pádua, Capitolina.
Com isso, Bentinho fica irritado com o agregado por ter exposto sua relação com Capitu. A moça escuta o rapaz contar toda a situação atentamente e logo elabora um jeito para o rapaz não precisar ir ao seminário e despede-se de Capitu com um beijo, o que seria o símbolo da promessa de que um dia ele voltaria para se casar com ela. Durante o seminário, Bentinho faz amizade com Ezequiel de Souza Escobar. Quando visita sua família, o rapaz leva seu melhor amigo e é nessa ocasião que Capitu o conhece.
A moça aprofunda sua relação com a D. Glória, enquanto Bentinho estuda para ser padre. Isso faz com que a senhora veja o relacionamento entre seu filho e Capitu de maneira positiva. Entretanto, D. Glória não sabe como anular sua promessa e vai conversar com o Papa. Quem resolve esse problema é Escobar, que conclui que a mãe do seu amigo, no auge de seu desespero, jurou a Deus um sacerdote que não tinha de ser especificamente o Bentinho. Então, foi mandado um escravo como seu substituto e ele, sim, teria de fazer o seminário para se tornar padre.
Desse modo, Bentinho começa a estudar Direito no Largo de São Francisco, em São Paulo. Ao receber sua formação, transformou-se em Doutor Bento de Albuquerque Santiago. E acontece finalmente o tão ansiado casamento entre Capitu e Bentinho. Seu melhor amigo se casa com Sancha, que era uma velha amiga de colégio de Capitu. Porém, essa felicidade entre o casal é confrontada pela demora da primeira gestação. Quando comparados com Escobar e Sancha, ficam ainda mais aflitos, pois eles já têm uma filha que carinhosamente batizaram de Capitolina.
Alguns anos mais tarde, Capitu gera seu primeiro filho e, para retribuir o carinho, o casal nomeia seu menino de Ezequiel. Os dois casais começam a intensificar sua convivência. Com essa aproximação, Bentinho nota uma semelhança assustadora entre seu filho Ezequiel e seu melhor amigo Escobar, que morre afogado em uma de suas idas à praia, mesmo tendo muita prática e talento na natação.
Ele passa a enxergar em Ezequiel a imagem de seu falecido amigo e cria a paranoia de que foi traído por Capitu. Bentinho decide se matar com uma xícara de café envenenado para fugir daquela situação. Quando Ezequiel chega em sua sala, ele resolve matá-lo, mas desiste. Ao invés disso, revela ao menino que ele não é o seu pai. Capitu ouve tudo e sente muito pelo ciúme de seu marido, que na visão dela surgiu por causa da casualidade da semelhança.
Depois de várias brigas, o casal decide se divorciar e planejam uma viagem para a Europa com o objetivo de camuflar o novo acontecimento que acarretaria um escândalo. Bentinho volta para o Brasil sozinho e vai se transformando no rancoroso Dom Casmurro. Capitu falece no exterior e Ezequiel tenta uma reaproximação com o seu pai. Porém, o fato de ser parecido com Escobar gera novamente a rejeição por parte de Bentinho. Ezequiel morre de forma inesperada, ele é atingido pela febre tifoide enquanto faz uma pesquisa arqueológica em Jerusalém e não resiste à doença.
Comovido pela nostalgia e pela tristeza, o personagem principal reconstrói a casa de sua infância na rua de Matacavalos. O romance em si é uma forma de tentar resgatar o sentido de sua vida. Ao final do livro, ele parece sentir um desprazer e uma decepção com a sua criação. Finaliza convencendo-se de que a melhor opção naquele momento era criar outra obra que represente “a história dos subúrbios”.
Este resumo faz parte da série Autores da Torre, do Projeto de extensão Torre de Babel, da Biblioteca José de Alencar (Faculdade de Letras/UFRJ)
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